REFLETINDO PARA EDUCAR.Bater para educar?!
Mãe! Hoje, quando você estava no trabalho, a Socorro mandou o Marquinho tomar banho um monte de vezes e ele não foi. Aí, ela deu umas palmadas nele e ele ficou chorando um tempão!
— O quê!? Que absurdo! A Socorro não pode bater em vocês!
— Mas, mãe, você também bate quando a gente não obedece...
— A mãe pode bater para educar vocês, mas a babá não pode!
Bater para educar?! Se babás e professoras precisam desenvolver habilidades de comunicação para que as crianças façam o que precisa ser feito sem recorrer a castigos físicos, por que há pais que ainda acreditam em “palmadas educativas”?
Educar dá trabalho: exige paciência, persistência e, sobretudo, muito amor. Falar com firmeza e buscar coerência entre palavras e atos são recursos extremamente úteis para lidar com as birras cotidianas. Por exemplo: “está na hora de tomar banho. Você vai desligar a televisão sozinho ou eu desligo para você?”
Atitudes de provocação e desafio das crianças enraivecem os adultos, mas entrar no circuito de gritos e palmadas para se fazer obedecer pode resultar numa escalada de raivas recíprocas, prejudicando a boa qualidade do convívio. Em casos extremos, gera relacionamentos familiares violentos, em que as crianças passam a ser vítimas de maus tratos.
Há pais que dizem: “ele pede para apanhar!”, e temem chegar a uma etapa em que gritam e dão palmadas desde a hora em que acordam até a hora de dormir. Muitos detestam fazer isso, se arrependem e até pedem desculpas quando se excedem, mas ficam furiosos quando a criança os desafia, dizendo que não doeu. Há crianças que sentem tanto prazer com seu poder de deixar os adultos descontrolados que, para isso, agüentam firme a dor das palmadas e a frustração dos castigos.
Outra contradição comum é dar palmadas nos mais velhos para “ensiná-los” a não bater nos mais novos. As crianças sabem que bater dói: não precisam sentir na própria pele o que estão fazendo com os outros, mas sim serem estimulados a desenvolver outras maneiras de resolver as disputas de pertences e de território (como o lugar em que vão se sentar no carro ou no sofá da sala).
A criança pequena é, naturalmente, impulsiva e curiosa, gosta de explorar o ambiente em busca de novas aventuras e ainda não desenvolveu uma boa noção de perigo. Nos primeiros anos de vida, é preciso tomar medidas concretas para prevenir acidentes, estabelecendo limites necessários com ações consistentes: dizer que não pode meter o dedo na tomada porque faz “dodói” e distrair a criança com outra coisa. Assim, pouco a pouco, sem precisar de palmadas, ela aprende que não pode fazer tudo o que quer, na hora em que bem entende.
MARIA TEREZA MALDONADO é psicóloga e autora de vários livros,entre os quais "As sementes do amor” (ed. Planeta). Site: www.mtmaldonado.com.br.
Mãe! Hoje, quando você estava no trabalho, a Socorro mandou o Marquinho tomar banho um monte de vezes e ele não foi. Aí, ela deu umas palmadas nele e ele ficou chorando um tempão!
— O quê!? Que absurdo! A Socorro não pode bater em vocês!
— Mas, mãe, você também bate quando a gente não obedece...
— A mãe pode bater para educar vocês, mas a babá não pode!
Bater para educar?! Se babás e professoras precisam desenvolver habilidades de comunicação para que as crianças façam o que precisa ser feito sem recorrer a castigos físicos, por que há pais que ainda acreditam em “palmadas educativas”?
Educar dá trabalho: exige paciência, persistência e, sobretudo, muito amor. Falar com firmeza e buscar coerência entre palavras e atos são recursos extremamente úteis para lidar com as birras cotidianas. Por exemplo: “está na hora de tomar banho. Você vai desligar a televisão sozinho ou eu desligo para você?”
Atitudes de provocação e desafio das crianças enraivecem os adultos, mas entrar no circuito de gritos e palmadas para se fazer obedecer pode resultar numa escalada de raivas recíprocas, prejudicando a boa qualidade do convívio. Em casos extremos, gera relacionamentos familiares violentos, em que as crianças passam a ser vítimas de maus tratos.
Há pais que dizem: “ele pede para apanhar!”, e temem chegar a uma etapa em que gritam e dão palmadas desde a hora em que acordam até a hora de dormir. Muitos detestam fazer isso, se arrependem e até pedem desculpas quando se excedem, mas ficam furiosos quando a criança os desafia, dizendo que não doeu. Há crianças que sentem tanto prazer com seu poder de deixar os adultos descontrolados que, para isso, agüentam firme a dor das palmadas e a frustração dos castigos.
Outra contradição comum é dar palmadas nos mais velhos para “ensiná-los” a não bater nos mais novos. As crianças sabem que bater dói: não precisam sentir na própria pele o que estão fazendo com os outros, mas sim serem estimulados a desenvolver outras maneiras de resolver as disputas de pertences e de território (como o lugar em que vão se sentar no carro ou no sofá da sala).
A criança pequena é, naturalmente, impulsiva e curiosa, gosta de explorar o ambiente em busca de novas aventuras e ainda não desenvolveu uma boa noção de perigo. Nos primeiros anos de vida, é preciso tomar medidas concretas para prevenir acidentes, estabelecendo limites necessários com ações consistentes: dizer que não pode meter o dedo na tomada porque faz “dodói” e distrair a criança com outra coisa. Assim, pouco a pouco, sem precisar de palmadas, ela aprende que não pode fazer tudo o que quer, na hora em que bem entende.
MARIA TEREZA MALDONADO é psicóloga e autora de vários livros,entre os quais "As sementes do amor” (ed. Planeta). Site: www.mtmaldonado.com.br.